sábado, 3 de dezembro de 2011

Histórias de Terror: 6ªC


P I S T O L S
A destruição de uns é a vitória de outros.
P I S T O L S - Parte 1
Mais uma vez as luzes se apagaram, os gritos voltaram para me atormentar e como previsto eu não conseguia me mover. Quando me dei conta não estava mais em meu quarto, eu via almas suplicando por socorro enquanto demônios se apossavam delas. Aquilo estava muito confuso. Senti uma mão em meu ombro junto de uma dor absurda, garras haviam me perfurado. Não conseguia me virar para ver quem era só ouvia uma voz rouca e firme ao meu ouvido dizendo coisas indecifráveis, outra língua, uma que eu não dominava.
— Anda adalah satu! — aquelas palavras entraram em mim como balas de aço, no mesmo instante eu senti como se minha alma fosse absorvida por algo mais forte que eu. Meu corpo caiu sobre o chão empoeirado, eu me sentia diferente — Você é meu! — ele disse mais uma vez, só que agora eu o entendia. Uma força sobrenatural envolvia meu corpo me tirando do chão — Você é o escolhido! — ele colocou em meu pescoço um cordão com uma de cruz de ouro virada ao contrario— Você é o escolhido! — ele repetiu mais uma vez agora com uma voz autoritária. No mesmo instante eu vi um clarão que absorveu toda aquela treva e novamente eu estava deitado em minha cama. Meu corpo estava pesado, era quase impossível se mover, com dificuldade levei uma de minhas mãos ao meu pescoço. A adaga estava lá, aquilo não tinha sido um sonho.
A noite já se transformava em dia e meu corpo estava ficando leve, já conseguia levantar. Fui até o banheiro, lavei meu rosto. Eu estava sentindo uma dor forte em meu ombro, me olhei no espelho, as perfurações estavam lá, meu ombro estava totalmente ensangüentado.
— “Esta doendo?” — uma voz feminina ecoava. Me virei rapidamente para ver quem era, mas não havia ninguém ali. — “Esta doendo?” — disse mais uma vez.
— Quem está ai? — indaguei.
— Lilith, sua nova mãe... — ela gargalhou e apareceu em minha frente. Seu cabelos eram longos e pretos se embolavam no negro vestido que arrastava no chão, seu olhos totalmente negros e sua pele era pálida como de alguém que já morreu.
Eu a olhava sem entender, o que ela quis dizer com “Sua nova mãe?”.
— Sou a Deusa Lilith, a mãe de todos os demônios! — ela respondeu minha pergunta antes que fosse lançada em palavras.
— mãe de todos os demônios? — engoli seco. Como assim? Quer dizer que eu sou um demônio? Ela apenas riu de minhas palavras e colocou sua mão sobre meu ombro ferido. Senti uma leve dor no mesmo assim que ela retirou sua mão.
— Agora esta tudo bem... — ela sorriu, me virei para o espelho, a ferida havia cicatrizado. Como ela fez aquilo, ou melhor, o que eu fiz pra isso estar acontecendo? Me virei para agradecê-la, mas ela não estava mais lá.

Percebi que estava tarde quando ouvi minha mãe gritando provavelmente da cozinha para almoçar. Peguei uma roupa qualquer tomei um banho, pus um casaco e desci.
— Porque demorou? — minha mãe indagou irritada.
— acabei de acordar... — almoçamos em silencio, já que Kevin seu namorado não estava em casa, provavelmente estava traindo ela na esquina. Ouvi o barulho da porta se abrindo era Kevin, estava com um buquê de rosas em suas mãos. Me levantei deixando meu prato sobre a mesa e sai dali, ouvi qualquer coisa do tipo “Ei garoto, não vai me cumprimentar?”. Continuei andando, até ouvir aquela voz rouca e firme me chamando mais uma vez.
“Luc vá para o quintal!” ignorei, continuei subindo as escadas. Ele repetiu mais uma vez: “Luc vá para o quintal!” agora com a voz autoritária. Tampei meus ouvidos, aqueles gritos ensurdecedores estavam de volta, eu não conseguia enxergar mais nada, estava tudo escuro, como antes.
—“Quem você pensa que é para contender comigo?”— a voz perguntou, eu ainda não conseguia o ver. Eu sentia minhas cicatrizes queimarem cada vez mais, os gritos ficavam mais altos, estavam estourando meu ouvido.
— Esta tudo bem? — os gritos pararam de repente. Abri os olhos, minha mãe estava lá, com uma feição preocupada. — você caiu da escada... — ela disse me levantando. Balancei minha cabeça positivamente e sai caminhando até o quintal.
Um vento frio cruzou meu caminho até a porta de vidro, fechando-a. A negra silhueta se formou novamente em minha frente e aquelas sensações estranhas cada vez que ele se aproximava de mim estavam voltando, lentamente.
— O que você quer? — disse pausadamente tentando controlar minha respiração que cada vez ficava mais escassa.
— Quero te preparar — hesitou — Mate Boris, é um bom começo... — ele apontou para o cachorro deitado ao lado de uma machado, podia ouvir o choro do mesmo.
— Não vou fazer isso! — disse olhando a imagem ainda incrédulo
— Isso não é nada do que ainda você vai fazer... Temos que acabar com essa compaixão que há em você! — ele repousou sua mão em meu peito e a retirou rapidamente, me dando um choque.
Senti um impulso me levando até o cachorro deitado. Ajoelhei-me em sua frente e tomei o machado em mãos.
— Vamos lá Luc! — me encorajou. Na mesma hora desci a lamina ao pescoço no animal, a poça de sangue já se formava manchando a grama verde.
— Muito bem Luc! — ele batia palmas enquanto desaparecia aos poucos. Larguei o machado em cima da possa quando ouvi minha mãe aos berros:
— O que esta acontecendo aqui? — Disse entre soluços — Como você pode Luc? — sacudiu meus ombros — Você esta louco! Não ouse fazer isso novamente! — quando ela terminou suas palavras senti algo se apossar de mim.
— Ai de ti se atrapalhar algum dos meus feitos! — a empurrei — a morte lhe caberá! — Kevin veio na direção de minha mãe e a ajudou a levantá-la. Voltei para meu quarto sem dizer mais nenhuma palavra.
Me deitei, já estava de noite, o sono não vinha e eu estava começando a ouvir barulhos da cozinha.
—"Ela não te ama como eu te amo!"— Lilith apareceu repentinamente dizendo tais palavras enquanto mexia em meu cabelo.
— Como? — me levantei e comecei a olha-la
— Veja você mesmo! — ela segurou em minha mão e me levou até a porta da cozinha. Kevin e Marina, minha mãe, estavam lá.
— Mas ele é meu filho... — ela dizia soluçante, enrolada aos braços de Kevin
— Mas ele é perigoso, viu o que ele fez? ele te ameaçou!
— Mas Kevin... Ele é uma criança ainda, só tem 15 anos!
— Vai ser melhor assim, acredite em mim — A conversa se encerrou naquilo, até em tão eu não sabia o que estava acontecendo. Lilith não estava mais do meu lado. Voltei para meu quarto antes que eles percebessem que eu os vigiava.
P I S T O L S - Parte 2

Aquela manhã estava nebulosa como nunca vi antes. Bem cedo Kevin já batia em minha porta.
— Vamos, comece a arrumar as malas garotão! — bagunçou meu cabelo
— Mexe no meu cabelo de novo que te faço picadinho! — o encarei
— Calma ai garotão! — ele riu — você podia ser mais carinhoso, afinal vai demorar até nos vermos de novo! — ele sorriu
— Não me diga? pegou passagem pro inferno só de ida? — disse irônico
— Não, foi melhor! Você vai meter o pé, pra um internato! O que acha? — Não o respondi. Kevin continuava com aquele sorriso que chegava a doer meus olhos.
— Não vai dizer nada? — ergueu a sobrancelha
— E eu deveria? — o encarei
— Vamos parar com essa palhaçada, vá fazer suas malas!
— Te espero lá embaixo! — acenei e fui em direção a sala, sentei no sofá.
— Meu filho... — Marina se sentou do meu lado e não disse mais nada, provavelmente desistiu de falar. Ficamos em silencio até Kevin descer com minhas coisas.
— Anda logo moleque! — Kevin disse num tom aparente de raiva, apenas dei uma risada e o segui. O caminho estava vazio, todas ruas em que passamos estava deserta, o que era muito estranho para aquela cidade que outrora era movimentada.
Paramos frente a um muro coberto por plantas, cheio de pessoas a sua frente. Caminhamos até a recepção onde eu fiquei sentado do lado de uma garota com cabelos claros até a altura dos ombros e olhos acompanhando o tom de seus cabelos.
— É novo aqui? — ela puxou assunto
— Sim — disse sem olhá-la
— Eu não... — hesitou — Qual seu nome?
— Luc...
— O Meu é Samantha, mais pode me chamar de Sam!
— Ok Sam — a olhei
— Você vai gostar daqui, posso te amostrar cada canto! — sorriu
— tudo bem... — retribui o sorriso

— Não é tão...
— Então esse é o Luc? — Um homem alto, vestindo um terno azul marinho com algum tipo de emblema no peito interrompeu as palavras da garota, que alias já esqueci o nome.
— Na verdade não... — Respondi
— Ok, engraçadinho ele, não? — se virou para Kevin
— Também não — respondi antes que Kevin dissesse qualquer coisa.
— É... — o homem coçou a barba
— Não ligue para ele... — Kevin bateu em suas costas
— Tudo bem — pausou — Fique a vontade Luc!
— Acho melhor não dizer isso...
— Estou mais do que a vontade! — interrompi Kevin, dei um sorriso amarelo e olhei a garota, Sam, isso o nome dela é Sam.
— Ótimo! — o cara forçou um sorriso.
— Deixa eu te mostrar o instituto! — Sam cochichou em meu ouvido apoiando uma de suas mãos em meu ombro, numa tentativa vã de ficar do meu tamanho.
— Ei Samantha! — Um garoto alto e forte parou em nossa frente e fez um sinal para Sam
— Deixa pra mais tarde, ok? — Sam cochichou e foi em direção ao garoto que sumiu pelo corredor com ela, Deveria ser seu namorado.
— Ei moleque! — Kevin estalou os dedos — pensando na mocinha? — ele riu
— Bem mais agradável que olhar pra sua cara, não acha? — dei um sorriso amarelo
— Tenho certeza! Boa sorte ai! — ele riu. Era incrível como ele me irritava.
— Agora vá se danar! — sorri, o cara do terno me olhou com uma cara nada boa e me levou até um corredor cheio de portas, dormitório.
— Espero que se sinta bem, se não gostar do seu companheiro de quarto, é só avisar. — deu as costas e saiu andando.
Quando entrei no quarto tinha um garoto com um cabelo que parecia aquelas molas de sofá, usava um óculos e tinha sardas por todo o rosto, ele estava sentado no chão e em volta dele tinha vários livros.
— Olá! — ele acenou
— Oi — joguei minhas malas no canto do quarto e deitei na cama perto da janela
— Novo aqui? — me olhou
— Não, só mudei de quarto... — sorri
— Ata! — pausou — engraçado, nunca te vi aqui!
— Sério? Eu te vejo direto!
— É mesmo? — ele abriu um sorriso de orelha a orelha
— Não! — dei uma risada e olhei para o teto
— Engraçadinho...
— Nem um pouco — o olhei — agora você pode calar a boca e voltar pro seus livros! — ele me encarou e voltou a repaginar os livros.
Me levantei e fui até a janela, Sam estava lá fazendo sinal para mim ir até ela. Isso esta me cheirando a perseguição, mais como não tenho nada a perder, fui até ela.
— Me desculpe aquela hora... — gesticulou
— Tudo bem... — sorri
— Pronto? — sorriu. Balancei a cabeça positivamente — Ótimo! — ela riu e saiu me puxando pela mão o internato todo — Essa é a parte que mais gosto! — ela soltou minha mão e se encostou-se a parede. Realmente o lugar era bonito, a decoração do prédio era bem antiga num tom marrom com umas pilastras enormes e em frente tinha um lado com muitas arvores em volta.
— É bonito... — Cruzei os braços e me encostei na parede ao lado dela, olhando o lago.

— Sam! — gritaram no final do corredor — estava te procurando igual uma louca! — se queixou.
— Tenho que ir... — pausou — Vamos se encontrar mais tarde? — me olhou
— Tudo bem... — sorri
— Aqui mesmo, oito horas, ok? — sorriu
— ok — a olhei
— ótimo! — Samantha beijou meu rosto e foi ao encontro da garota que a chamou. Esperei um pouco e sai dali na direção contraria, todo lugar que passava tinha grupos formados, realmente não era nada diferente de um colégio. Em um desses grupinhos estava o mesmo garoto que chamou Samantha hoje mais cedo. Me encostei na parede, não estou ali nem um dia e já estava doido para ir embora. (SIC)

Autores: Ellen, Letícia, Camila, Brenda e Guilherme Anjos

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