sexta-feira, 20 de maio de 2011

Estado tem maior número de museus por habitante do país


Média do RS é de um museu para cada 26,6 mil moradores
 

O Rio Grande do Sul é festejado como culto na comparação com os demais estados brasileiros, especialmente por quem vê de fora. A Semana Nacional dos Museus, que vai de 16 a 22 de maio deixa isso em evidência. Proporcionalmente, nenhum outro Estado tem tantas instituições deste caráter. Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a média nacional per capita é de um para cada 67 mil pessoas; no Rio Grande do Sul, é um para cada 26,6 mil.

A pesquisa Museu em Números, divulgada pelo instituto em dezembro passado, mostra que os gaúchos têm à sua disposição 397 museus espalhados pelo Estado. O interessante é que, diferentemente do que ocorre no resto do país, eles não estão concentrados na capital: apenas 15% do total têm seu endereço em Porto Alegre.

O presidente do Ibram, José do Nascimento Júnior, vê na formação histórica do Rio Grando do Sul a justificativa para esta boa distribuição:

— O perfil de colonização é fundamental. Há uma vontade de preservar a memória sobre a saga dos colonos, e os museus são essenciais para isso.

Nenhum museu sobrevive isolado da comunidade em que se insere. De acordo com Nascimento, o papel fundamental destas instituições é representar a sociedade à sua volta. Além da distribuição geográfica, a recente criação dos cursos de Museologia na UFPel e na UFRGS constitui outro motivo de orgulho. Mas a política de atuação das instituições ainda precisa ser melhor desenvolvida.
— O crescimento econômico dá às pessoas a possibilidade de procurar por outras formas de diversão — diz Nascimento. — Assim, o governo passa a valorizar a preservação da memória como uma estratégia política. Isso os países desenvolvidos já fazem há muito tempo.

A gratuidade em 86,8% dos museus gaúchos é um atrativo relevante para para que os museus possam receber mais atenção do público. A situação, afirma a coordenadora do curso de Museologia da UFRGS, Marlise Giovanaz, não é ideal, no entanto, projetos sólidos e atraentes existem:
— Apesar do problema de verbas curtas, temos iniciativas interessantíssimas no campo das artes. Locais com um funcionamento bastante articulado, como o Santander Cultural, a Fundação Iberê Camargo. Ações artísticas dentro e fora dos museus, como a Bienal — afimar Marlise.

Mas não é apenas o campo das artes que possui programação de museus bem estruturada. Outras instituições têm propostas que fogem do modelo tradicional. O Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, por exemplo, deixa que o visitante experiencie a ciência de maneira interativa. A interatividade, da mesma forma, é a marca do Museu da Eletricidade do RS e do Museu da UFRGS — ambos têm potencial para atrair jovens e turmas de escolas por meio de suas propostas contemporâneas, mas sem abrir mão da experiência tradicional de museu estático.

— Ainda há muitos museus que precisam ser melhorados tanto em programação quanto em infraestrutura. Mas o que realmente faz falta na cidade da Bienal do Mercosul é um centro de arte contemporânea de ponta digno da produção artística do Estado _ aponta José do Nascimento Júnior.

O Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC) poderia ser um exemplo do que pede o presidente do Ibram, porém, a instituição não conta com sede própria. Seu acervo, ainda incipiente, está abrigado há anos temporariamente na Casa de Cultura Mario Quintana. Cultuar o passado é preciso, mas a capital do Estado onde há mais centros de difusão de cultura per capita não é exatamente um exemplo quando o assunto são os museus que vislumbrem o futuro.


Veja a localização dos museus de Porto Alegre, segundo a classificação do Ibram:

Visualizar Museus de Porto Alegre em um mapa maior
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